Sobre a cultura de revelar craques no país, avalia: “o Brasil tem uma essência de jogar futebol. E essa essência foi acabando ao longo do tempo... O pessoal jogava muita bola na várzea. O futebol, não adianta as pessoas quererem criar uma outra solução que não seja dos menos favorecidos. Futebol é para o menos favorecido. Tu não nasce rico e vai jogar bola. Fomos perdendo, ao longo do tempo, os campos que são formadores de jogadores. Campo de barro, ali é que nasce o jogador... Gênios do futebol nascem no campo de barrão, de terrão, da favela”.
Ao recordar sua época de jogador, afirma: “morávamos em Quintino, o Zico morava também. No domingo nós jogávamos no Maracanã, na preliminar, juniores, e depois também no profissional. Só que, na segunda-feira, tinha uma tradicional pelada lá em Quintino que era no paralelepípedo. A gente já profissional no futebol e íamos jogar em paralelepípedo”.
Ainda sobre as diferenças do passado para hoje, declara: “o Garrincha não jogaria hoje. Da maneira que ele jogava antigamente, em que ele pegava a bola, driblava o cara, parava, esperava o cara voltar e driblava de novo. Os técnicos não iam deixar. Iam falar assim ‘tem que tocar a bola’... Eu mando é driblar. Jogador sem drible, futebol sem drible, não é a essência do futebol”.
A respeito de seu trabalho com o Bragantino, diz: “ali foi um grande trabalho meu. Porque eu não tinha os recursos que os outros clubes tinham. Você vai trabalhar no Palmeiras, você sai com 80% de chance de ganhar o campeonato. O Bragantino sai com 20%. A diferença é absurda. Só que aí, o que eu fiz, eu tinha uma cidade à minha disposição. A minha concentração do Bragantino era melhor que a do São Paulo, que a do Palmeiras, que a do Corinthians. Como a cidade estava à nossa disposição, eu aluguei uma chácara que tinha lago para pescar, piscina, tudo que os outros não tinham. Os campos da cidade toda onde podíamos treinar. Tínhamos o melhor clima porque estávamos na serra. Foi aí onde eu desenvolvi a minha qualidade profissional de mudança de comportamento no treinamento. Saímos da parte aeróbica para entender que o futebol é totalmente anaeróbico. Criamos um conceito diferente de jogar futebol.... Foi o mais marcante. Porque é muito difícil você sair com um Bragantino e sair campeão brasileiro, campeão paulista diante dos grandes, é muito difícil”.
Comparando com sua atuação à frente do Palmeiras e se teve receio ao assumir o time, declara: “o medo de perder tira a vontade de ganhar. Palmeiras para mim não era medo. Foi a solução para chegar aonde eu cheguei, que foi a Seleção, me projetar. Não via como desafio, porque nem gosto dessa palavra, via como uma oportunidade de mostrar meu trabalho. Foi o que aconteceu. Fiz um trabalho brilhante”. Danilo pergunta se ele gostaria de dirigir o São Paulo e Luxemburgo responde: “gostaria. Sempre quis dirigir o São Paulo. Acho um grande clube, tive grandes embates com o Telê Santana, em jogos maravilhosos. É um grande clube, que tem uma torcida que gosta de mim, pedindo minha contratação. Mas, infelizmente, não aconteceu”.
O The Noite é apresentado por Danilo Gentili e vai ao ar de segunda a sexta-feira, no SBT. Hoje, 00h30.
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